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Viroses em alta. Imagem ilustrativa (Pixabay)

Sabe aquele papo de que o ser humano deve ser visto em sua totalidade, cabeça, tronco, membros, paranoias e maluquices? Soa quase como algo místico, transcedental. É papo pra poetas, filósofos e pra todos aqueles que algum dia sofreram com o coração partido. Prato cheio pra literatura e, principalmente, pro sertanejo sofrência. Mas, deixando o mundo artístico de lado, essa teoria cai por terra a cada consulta médica que faço.

No Brasil, o sistema de saúde privado permite que o cidadão busque o médico que achar mais adequado pra atender seus problemas. Os clínicos gerais são seres cada vez menos populares, então o jeito é confiar no instinto e orar pra acertar no profissional.

Se a dor é no dedão do pé, entra no guia médico e mira num ortopedista especializado nos membros mais inferiores do corpo humano. Mas não adianta pedir pra ele dar uma “olhadinha” naquela fisgada no joelho que se manifesta toda vez que você pratica exercício físico. Aí é outro especialista, geralmente um que vai poder avaliar um outro pedaço seu.

Recentemente, uma tosse seca, intermitente e que não me dava folga permitiu que eu fizesse um tour por alguns consultórios médicos. Como a tosse era acompanhada por um dor intensa no peito, óbvio que, por segurança, o otorrino me encaminhou pra um cardiologista.

Eu, que não sou louca de questionar os preceitos médicos, acabei me submetendo a um check up cardiológico completo. Vai que o coração resolve descomar bem agora!

Todo mundo deveria ter um médico pra chamar de seu!! Aquele com quem é possível tirar dúvidas, pedir orientações e descartar os medos do mundo. Como antigamente, que o médico conhecia a família inteira pelo nome e pelas manias.

No Sistema Único de Saúde (SUS) isso ainda é possível em alguns cantos do país. Nas cidades que buscaram fortalecer a Estratégia Saúde da Família (ESF), programa implantado na década de 1990, o atendimento especializado acontece depois de uma longa e bem explorada análise dos profissionais ESF – ou seja, existe toda uma equipe atenta aos pacientes, formada por médico, enfermeiro, técnico de enfermagem e agente de saúde.

Esse mesmo modelo de atendimento está muito bem consolidado em países como Canadá, Reino Unido e em outras localidades da Europa. Por aqui, alguns planos de saúde já sacaram as vantagens desse modelo. O paciente é encaminhado ao especialista somente depois de ar pela avaliação de um médico de família e comunidade. Ou seja: a maior parte dos casos dispensa o especialista, pois é resolvido já nos primeiros atendimentos. Ganha-se tempo, resolutividade e gera muita economia de recursos pro plano de saúde.

A mim, que sou leiga e desprovida de médicos na agenda familiar, resta recorrer às indicações dos amigos e torcer pra que a consulta não atrase mais do que o esperado.

Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e defende o direito de ser vista com um ser inteiro no consultório médico.