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Athletico 3 x 0 Santos. Foto: Valquir Aureliano

O athleticano que foi para a Ligga Arena acompanhar o último jogo do Furacão em casa, sabia que independente de qualquer resultado, era um dever quase “cívico” despedir-se das arquibancadas e também de Vitor Roque. Uma equipe sem chance de classificar-se para a Libertadores, apesar de garantido na Sulamericana do ano que vem, tinha pelo menos, o dever de mostrar um bom futebol para o torcedor, já bastante calejado com atuações muito aquém do esperado no segundo turno do Brasileirão.

Vencer do Santos em casa era uma questão mais de terminar com a cabeça erguida, do que até mesmo terminar com honra. As péssimas últimas atuações contra Vasco, São Paulo e Fortaleza em casa, não poderiam nem ter margem de se repetir, não naquele domingo que tinha que ser uma ”catarse” para o athleticano.

Do outro lado, um Santos tensionado pela tabela e com risco de rebaixamento justamente no ano pós-morte de Pelé, seu maior jogador de todos os tempos. A partida era vista pelos santistas, como uma rodada final de Eliminatórias lutando por repescagem, já que para ser final de Copa do Mundo, teria que apresentar uma qualidade que o Peixe não mostrou neste ano.

Com o início da partida, um ansioso Santos acabou virando presa fácil para um Athletico desta vez, relaxado. O 3 a 0 veio ao natural, com boas apresentações do setor defensivo, a meia cancha funcionando muito bem com excelente partida de Vitor Bueno, e um Vitor Roque esforçado, mas ainda se recuperando da sua última lesão. Uma vitória tardia, para aliviar o coração athleticano do estresse dos últimos meses, mas com um sabor de que poderia ter sido a rodadas atrás, e quem sabe, a despedida de Vitor Roque seria com um sabor de Libertadores ou luta pelo título em um Brasileiro caótico no segundo turno.

A verdade é que a temporada de 2023 para o Athletico, foi um verdadeiro anticlímax perto das anteriores, que teve direito a vice da Liberta, finais de Copa do Brasil, e bicampeonato Sulamericano. A eliminação tardia nas Copas pressionou muito o trabalho do ”calouro” Wesley Carvalho, que apesar de algumas vitórias marcantes, acabou terminando com a pecha de ”estagiário” pelo torcedor. A saída intempestiva de Scolari, a demissão de Turra, a falta de opções no mercado que a diretoria enxergasse com bons olhos, somada, a lesão de Roque justamente em um momento crucial no campeonato, acabaram minando a temporada do Furacão.

Mas depois de dezembro, vem janeiro, e de um 2024 que vem apresentando-se à primeira vista, muito agradável às pretensões rubro-negras. Mais um ano de luta pela Sulamericana, dinheiro no caixa, Arena com acordo fechado para seu pagamento, SAF encaminhada, arquirrival na série B novamente, e tudo no ano do seu centenário. A faca e o queijo na mão. Basta apenas, afiar bem a faca, cuidar dos dedos, e não deixar o parmesão cair da mesa.

Gabriel Carriconde é jornalista, e narrador esportivo