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Chico Bento (Isaac Amendoim) e Nhô Lau (Luís Lobianco): disputa por uma goiabeira (Fotos: Divulgação / Paris Filmes)

‘Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa’ estreia nesta quinta-feira (9) com toda a turma do menino de chapéu de palha e pé no chão, numa adaptação atemporal e que poderia se ar em qualquer cidade do interior do Brail

‘Turma da Mônica: Lições”, de 2021, já ensaiava que Chico Bento, o menino caipira criado por Maurício de Sousa, iria ganhar um filme, seria apenas questão de tempo. Ele já aparecia nas cenas pós-créditos do segundo longa-metragem da turma da Mônica. E o filme chegou: ‘Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa’ (com essa grafia mesmo) estreia nesta quinta-feira (9), trazendo traz diversão sabor goiaba para crianças e entrelinhas espinhosas para adultos.

Dirigida por Fernando Fraiha, a adaptação dos quadrinhos acerta em cheio no elenco. Quem selecionou os atores sabia muito bem o que estava fazendo. As crianças Rosinha (Anna Julia Dias), Zé Lelé (Pedro Dantas), Tábata (Lorena de Oliveira), Hiro (Davi Okabe) e Zé da Roça (Guilherme Tavares) estão bem semelhantes às HQs. Chico Bento é um caso à parte: o menino Isaac Amendoim brilha no papel do “alegre caipirão, chapéu de palha e pé no chão”. Entre os personagens adultos, destacam-se Luís Lobiano como Nhô Lau, Débora Falabella como a professora Marocas e Augusto Madeira como o “Dotô” Agripino.

Outro ponto de destaque é o clima como um todo. ‘Chico Bento e a Goiabeira Maraviósa’ é atemporal e poderia se ar na zona rural de qualquer cidade pequena do interior do Brasil, de Pindorama (SP) a Riachão das Neves (BA), de Bocaiúva do Sul (PR) a Muzambinho (MG).

Qualquer um que já tenha lido os quadrinhos de Chico Bento sabe que ele gosta de três coisas: da Rosinha, de dormir na rede e de comer goiaba na árvore. Mais especificamente, na goiabeira do vizinho Nhô Lau (a “goiabêra maraviósa” do filme). É essa ligação entre menino e árvore que norteia o filme – e o início já indica que há uma ligação mais profunda do que parece.

Pois, no filme, a goiabeira está ameaçada. Dotô Agripino convence Nhô Lau e os outros moradores da Vila Abobrinha da ideia de ar uma estrada asfaltada no meio da cidade. E que essa estrada terá que ar exatamente e necessariamente em cima da goiabeira. Nem o Nhô Lau gosta muito da ideia, mas cede ao papo do progresso. Quando Chico fica sabendo, inicia praticamente uma revolução na Vila para impedir que a goiabeira vá ao chão.

Para as crianças, há uma mensagem ecológica forte, aliada à percepção de que as coisas simples são as melhores. Outra mensagem é de que, juntos, os pequenos podem fazer a diferença graças à sua pureza. Sem falar na diversão de quando Chico Bento arma das suas para cima do Nhô Lau. Tudo sabor goiaba, claro.

Para adultos, o filme apresenta uma entrelinha espinhosa, de como o povo é facilmente manipulado e cai facilmente no papo de um malandro endinheirado. Dotô Agripino é o próprio “coroné” inescrupuloso, que pensa somente nele e em explorar os outros. É de se estranhar que ele não tivesse a ideia de colocar um pedágio dividindo a vila ao meio.
Ainda bem que existem Chicos Bentos no mundo.