
Foi-se o tempo em que usar expressões pomposas e se comunicar de maneira empolada despertava algum tipo de iração nos ouvintes. Hoje em dia, não devemos falar para impressionar, mas sim para sermos compreendidos ou tocar as pessoas.
Normalmente, a comunicação a por três grandes objetivos – informar, persuadir e entreter. Pense bem: usar palavras pouco coloquiais pode prejudicar as três intenções. Se preciso informar, devo usar expressões simples para que as pessoas possam aprender comigo. Se quero persuadir, preciso ser envolvente – e as palavras complicadas irão dificultar esse processo. Já se minha ideia é entreter meus interlocutores, não devo correr o risco de eles não me entenderem. Aliás, poucas coisas são mais constrangedoras do que ninguém rir das nossas piadas!
A comunicação deve servir para nos aproximar das pessoas, e não para nos afastar. A própria etimologia da palavra aponta para isso: comunicar é “tornar comum”! Se falo de maneira pernóstica (aliás, que palavrinha ruim essa…), afasto as pessoas em vez de trazê-las para perto.
Não tenha medo de falar de maneira simples. Isso não tira sua autoridade. Pelo contrário! Quanto mais seu público puder compreender suas mensagens, mais poderá irar sua pessoa. Há profissionais que pensam que devem seguir um estereótipo na comunicação para se enquadrarem no imaginário referente a sua profissão. Por exemplo: se sou advogado, devo falar como advogado; se sou médica, tenho que falar como médica. Tire isso da cabeça. Não se conquista credibilidade por usar expressões em latim ou nomes científicos de doenças.
Ao querer falar “bonito”, corremos ao menos dois riscos:
– Usar as palavras de maneira equivocada, fora de contexto ou com pronúncia errada. Você não quer virar motivo de chacota, quer? Então entenda que é melhor caprichar no vocabulário simples e correto do que enfeitar a fala e escorregar no Português. Lembro de um médico que certa vez falou “entreterimento” (quando o correto é “entretenimento”, com ‘n’) e de um taxista que comentou que a rua tinha uma subida muito “Ingrid” (quando queria falar que era “íngreme”). São apenas dois exemplos de situações que vemos diariamente…
– Usar a linguagem como instrumento de poder. Este é o pior risco! É quando a pessoa quer dar a entender que é mais importante do que o outro porque fala palavras mais requintadas. Não seja essa pessoa!
Importante: simples não é simplório! Falar de forma coloquial não é usar palavras vulgares. Você pode ter um vocabulário rico e vasto, mas sempre com a preocupação de que as pessoas entendam o que você quer dizer.
E ainda: Assim como as gírias e vícios de linguagem, a forma de falar difícil também é uma questão de hábito. Pessoas que se acostumam a falar com expressões não muito corriqueiras podem ter dificuldade de adotar a fala mais simples. Portanto, respeite seu estilo, mas não force a barra! Evite expressões técnicas, palavras de outras línguas (inclusive o Latim!), jargões específicos da sua profissão, porque isso tudo pode tornar sua mensagem prolixa e pouco efetiva.