
Discursos de líderes políticos, comunitários e religiosos muitas vezes tocam o coração das pessoas. Alguns poucos se tornam tão marcantes que entram para a História. É o caso de “Eu Tenho um Sonho”, de Martin Luther King, “Sangue, Suor e Lágrimas”, de Winston Churchill, e “Você tem que encontrar o que você ama”, de Steve Jobs, além de outros que podemos dizer que mudaram o mundo – para melhor e para pior (como não citar o poder retórico de Adolf Hitler?
Pois um desses discursos históricos está fazendo aniversário! No dia 12 de setembro de 1962, John F. Kennedy, então presidente dos Estados Unidos, falou a uma plateia de mais de 40 mil pessoas – entre elas, crianças e estudantes – para defender a ideia de conquistar a Lua! O mundo presenciava a corrida espacial entre Estados Unidos e União Soviética e boa parte dos americanos não estava convencida da importância dessa missão. O presidente, então, visitou o Centro de Espaçonaves Tripuladas e aproveitou para procurar aumentar o apoio popular à ideia, discursando no Estádio Rice, em Houston, no Texas.
Kennedy defendeu a ideia de que o espaço sideral era uma fronteira a ser explorada, argumentando sobre ousadia, liberdade e pioneirismo – valores profundos para o norte-americano. Seu intento parece ter sido um sucesso. O discurso foi muito bem recebido e o sonho de realizar a missão ainda naquela década deu certo: a Apollo 11 aterrissou na Lua em julho de 1969. O discurso foi esboçado pelo assessor político Theodor Sorensen, mas modificado e finalizado pelo próprio Kennedy.
Acompanhe a transcrição do trecho mais famoso do discurso, sua parte central. Perceba a força do uso de metáforas, a carga emocional e o tom desafiador do discurso:
“Nós zarpamos neste novo mar porque há conhecimento a ser adquirido e novos direitos a serem vencidos, e eles precisam ser vencidos e usados pelo progresso de todos os povos. Pois a ciência espacial, assim como a ciência nuclear e todas as tecnologias, não possui uma consciência própria. Se isso se tornará uma força para o bem ou para o mal depende do homem, e podemos ajudar a decidir se este novo oceano será um mar de paz ou um terrível teatro de guerra apenas se os Estados Unidos ocuparem uma posição de preeminência. Não digo que devamos ou iremos desprotegidos contra o abuso hostil do espaço mais do que vamos desprotegidos contra o uso hostil da terra ou do mar, porém digo que o espaço pode ser explorado e dominado sem alimentar os fogos da guerra, sem repetir os erros que o homem fez ao estender seu mandato em torno deste nosso globo.
Ainda não há conflito, preconceito, conflito nacional no espaço. Seus perigos são hostis a todos nós. Sua conquista merece o melhor de toda a humanidade, e sua oportunidade para cooperação pacífica pode nunca mais surgir outra vez. Mas por que, dizem alguns, a Lua? Por que escolher isto como nosso objetivo? E também podem muito bem perguntar, por que escalar a montanha mais alta? Por que, 35 anos atrás, voar pelo Atlântico? Por que Rice joga com Texas?
Nós escolhemos ir para a Lua! Nós escolhemos ir para a Lua… Nós escolhemos ir para a Lua nesta década e fazer as outras coisas, não porque elas são fáceis, mas porque elas são difíceis; porque esse objetivo servirá para organizar e medir o melhor das nossas energias e habilidades, porque o desafio é um que estamos dispostos a aceitar, um que não estamos dispostos a adiar e um que temos a intenção de vencer, e os outros, também.”
Para ver o discurso em vídeo, e https://www.youtube.com/watch?v=_OXVmNt_8uc