
Hoje, 6 de junho, o Teatro Paiol se transforma em território sagrado de som, memória e inclusão. A cantora, compositora e ativista Raissa Fayet sobe ao palco com o espetáculo de lançamento do seu novo álbum, Raízes, em duas sessões: uma gratuita, às 17h30, como contrapartida cultural, e outra aberta ao público geral, às 20h. O show será bilíngue, com tradução simultânea em Libras realizado por mulheres: Taline Nelci, Dani Marrie e Negabi — reforçando o compromisso da artista com ibilidade e a representatividade feminina. Os ingressos são gratuitos para a comunidade surda, e o palco será, literalmente, compartilhado entre vozes, corpos e sinais.
Raissa, mulher, LGBTQIAPN+, multiartista e pesquisadora da ancestralidade, entrega ao público um trabalho sensível, potente e profundamente político. O álbum Raízes nasce de uma investigação sobre as origens genéticas de sua linhagem materna — o haplogrupo B — e transforma essa busca em uma tapeçaria sonora que conecta as Américas, África, Ásia e Europa. As 14 faixas inéditas trazem elementos afro-diaspóricos, indígenas, ibéricos, do Oriente Médio, do Sul da Ásia, dos Andes, da Amazônia, do Nordeste e do litoral caiçara.
Gravado e mixado em Curitiba, o álbum tem direção musical da própria Raissa e produção de Dú Gomide, com coprodução de Matê Magnabosco. Entre as participações especiais, nomes como Ju Strassacapa, Cacau de Sá, Jéssica Caitano, Luana Flores e Renata Rosa somam suas vozes a esse manifesto cultural e espiritual.
O show não é apenas o lançamento de um disco. É um ritual de escuta, de afirmação de identidades plurais e de reverência à terra. Raízes, segundo a cantora, é um convite à escuta da ancestralidade, ao reconhecimento da pluralidade cultural e à valorização da nossa herança genética e espiritual. Um chamado à preservação das florestas, ao amor, ao respeito e à soma coletiva que ecoa mais longe.
E quem quiser conhecer o projeto já pode sentir o cheiro de mato na primeira faixa lançada, “Floresta”, cujo clipe — gravado em plena Mata Atlântica — é uma obra visual e poética em Libras. É a segunda vez que Raissa utiliza poesia sinalizada em vídeo, reforçando que ibilidade é prática e não apenas discurso.