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(Foto: Divulgação)

Em final de ano letivo, todo educador brasileiro deveria ganhar um troféu. Nota 10 e lucros por participação nos resultados. Hora de agradecer a todos os envolvidos que aram os últimos meses encarando o desafio de ensinar que a vida vai muito além da matemática básica e dos pontos finais.

Que não basta decorar os nomes das capitais brasileiras, mas é necessário entender o contexto histórico-cultural de cada canto do país. Porque, afinal, geografia não serve só pra achar o Acre no mapa. É um convite pra enxergar que o mundo vai muito além do nosso umbigo.

Obrigada a todos que aram o ano se desdobrando pra ensinar que o português não é só sobre crase, mas também sobre dar voz às ideias. Que um erro de concordância não é o fim do mundo, mas a incapacidade de se expressar é um problema muito grave. Que as ciências não servem só pra aprender a fórmula da água, mas pra entender como a vida pulsa em cada gota.

Se ensinar já é uma arte, no Brasil é um ato de resistência. E a sala de aula, longe de ser um lugar idílico, se transforma no palco de batalhas diárias que poucos aguentariam encarar.

Há alunos que chegam famintos e os que chegam revoltados. Onde falta o básico, sobra desrespeito, violência, indiferença ao conteúdo e celulares que mais distraem do que conectam. Os professores são os mediadores dessa realidade tensa, tentando ensinar tabuada enquanto apagam incêndios emocionais e sociais. O desafio não é só ensinar, é sobreviver ao que parece incontrolável.

Do outro lado, há as escolas onde o respeito é medido pelo preço da mensalidade. Alunos que não aceitam “não”, pais que acham que a nota baixa é defeito no “produto”. Isso sem falar nos professores tratados como empregados de um sistema que prioriza a satisfação do cliente, mesmo que isso signifique abrir mão da educação de verdade.

Ainda assim, eles persistem. Ensinam, acolhem, enfrentam e resistem. Porque, no meio de tantas adversidades, sabem que educar é plantar sementes, mesmo que os frutos demorem ou sejam incertos.

Nota 10 pra aqueles, que, mesmo quando tudo conspira contra, seguram a peteca e fazem o impossível: transformar o caos em aprendizado, inspirar futuros e mostrar que, sim, sempre é possível escrever uma nova página.

Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e acha que ser professor no Brasil é um ato de fé no ser humano.