
Janeiro durou tanto que a essa altura já devia estar com F próprio e direito a aposentadoria. Sério, foi um mês ou um ano disfarçado? Tivemos tempo de fazer todas as metas de Ano Novo, desistir de metade delas e reavaliar a outra metade. O verão se instalou com força, o ar-condicionado virou item de primeira necessidade e o salário de dezembro já virou lenda urbana.
E agora, finalmente, chegamos ao dia 31, um dia carregado de rituais e superstições. É dia de queimar cebola pra afastar as energias ruins – e eu fico me perguntando quem descobriu isso? Talvez algum cozinheiro tentando justificar um prato que deu errado, argumentando que se tratava de ritual de purificação.
Pra quem perdeu a chance, amanhã, dia 1.º, é hora de soprar canela na porta de casa. Dizem que atrai prosperidade. Parece bruxaria moderna, mas é só um jeito de contribuir pra que fevereiro entre cheiroso e com dinheiro no bolso.
O bom é que essas simpatias dão um certo alívio psicológico. Depois de um janeiro eterno, o objetivo é acreditar que qualquer coisa pode ajudar a trazer um ano mais leve.
Ainda temos 11 meses inteirinhos pra colocar em prática as metas de 2025 – mesmo que algumas já tenham sido abandonadas pelo caminho. Mas, entre cebolas queimadas e canela voando, a grande verdade é que nada supera a arte de viver o hoje com gosto, sem esperar que a felicidade só comece quando todas as metas forem riscadas da lista. Ou, pior, achando que precisa começar tudo do zero em 2026 pra encontrar a tal da felicidade.
Seja sobrevivendo ao calor de fevereiro, caindo na folia ou só celebrando o fato de que janeiro finalmente acabou, o que importa é aproveitar. Porque a gente pisca e já é dezembro de novo, chega mais um aniversário, mais rugas e histórias pra contar, além de uma nova lista de resoluções e promessas pra gente se cobrar ou rir de si mesmo no ano seguinte.
Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e sempre assopra canela no dia 1.º.