Calendário
Calendário (Crédito: Divulgação/Pixabay)

por Danielle Blaskievicz

9, 8, 7…. Contagem regressiva e está oficialmente aberto o novo calendário. Aquele ório que ainda chega como brinde do açougue ou da padaria da esquina e no qual costumamos depositar a esperança de que dias melhores virão. Cada página limpa, cada dia numeradinho em sequência, tem o poder de nos fazer acreditar que o caos pode ser domado com uma tabela.

Criamos os dias, numeramos as semanas, definimos feriados e decretamos inícios e fins. Como se o tempo, com sua natureza indomável, se deixasse encaixotar tão facilmente. Como se um bloco de papel fosse a solução pra todos os problemas da humanidade.

Na prática, seja de papel ou digital, há algo inspirador num calendário novinho em folha. Cada página em branco parece um impulso à exploração dos sonhos. É quase um convite pra dançar com o tempo, pra desenhar histórias, registrar conquistas e deixar espaço pras surpresas que só o tempo é capaz de trazer.

As 12 folhinhas que dividem o ano em meses, marcam os feriados e as fases da lua, carregam uma mágica única. Um objeto que organiza os dias e, ao mesmo tempo, nos convida a bagunçá-los. Podemos planejar férias, reuniões, pagamento dos boletos e a revisão do carro, mas ali há margem pra tudo aquilo que não cabe numa folha: as conversas inesperadas, os cafés prolongados, os sonhos que surgem do nada e nos fazem mudar de direção.

Ele dá ritmo ao tempo e o divide em ciclos. Não há dieta que não possa ser retomada na segunda-feira seguinte, nem ideia que não possa ser implementada no próximo mês. O calendário nos lembra que a vida é movimento, que há sempre um dia novo pra recomeçar, uma primavera pra florir e um inverno pra se aconchegar.

Aniversários, prazos, metas, projetos, tudo pode ser encaixado nos próximos 12 meses. Mas nesse cronômetro temporal, o que faz diferença é o que aconteceu sem planejamento prévio: os momentos que surgem sem aviso, os dias que se tornam especiais porque, simplesmente, estávamos vivendo.

É nas anotações e nos rabiscos que mora o incontrolável. Um encontro que não aconteceu, uma viagem que mudou de data, ou aquele dia, perdido pra sempre, que gostaríamos de ter aproveitado melhor.

Que o calendário de 2025, com todas as páginas a serem preenchidas, não seja apenas uma ferramenta de organização. Que seja também um lembrete de que a vida é feita de ciclos e que, em cada dia, há uma chance de viver algo único. Afinal, o tempo pode até ser misterioso, mas ele é generoso: sempre nos dá mais 365 oportunidades de tentar outra vez.

Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e alguém que desistiu de tentar dar ordens ao tempo.