telemarketing
Número nem sempre identificado (Foto: Anatel)

Número desconhecido chamando e, como boa ansiosa que sou, imagino que pode ser algo importante! Vai que é alguém querendo um orçamento?

Penso duas vezes antes de atender e, depois de aceitar a chamada, a frustração! Apenas mais uma ligação de telemarketing e o milionésimo pedido pra exclusão do meu contato do banco de dados da empresa. A LGPD faz a festa e a alegria dos advogados…

Pra quem optou por viver praticamente à sombra da telefonia, com o celular no silencioso 24 horas por dia, sem notificação de aplicativos e aparentemente offline em tempo integral, atender uma ligação telefônica virou um suplício!

Um misto de preguiça, tédio, falta de motivação… sei lá. Nem Freud explicaria. Quer falar comigo, me manda mensagem, meme, música, caminhão de som, recado no balão. Mas, por favor, não me liga. Avisa por mensagem. Garanto que é mais eficiente e eu não vou fazer cara feia ou ameaçar morder.

Poucos estão livres desse protocolo e da cara amarrada. Entre os privilegiados estão os meus pais – por pura falta de aptidão tecnológica – e a escola dos meus filhos – que, quando liga, é porque tem BO na certa.

Sou hiperativa e, com isso, tenho uma dificuldade enorme de me concentrar em uma única coisa. Abro dez abas no Google Chrome e mil na minha mente. Organizo os atendimentos aos clientes, oriento minha equipe, monitoro a agenda dos meus filhos, respondo WhatsApp e ainda tomo um chá gelado ao mesmo tempo. Só que, se o telefone toca, o mundo para e vou pra outra dimensão.

Preciso pausar tudo pra me dedicar à conversa com alguém incerto e insabido querendo me oferecer algo desinteressante e pouco notório. Obviamente que não consigo fazer aquela voz “comercial” pra pessoa do outro lado da linha pensar que estou feliz de falar com ela. Sou objetiva pra desligar logo e tentar voltar à minha hiperatividade mental e evitar um siricutico.

Não vou arcar sozinha com as neuroses 5G da era da telecomunicação. Esse trauma é responsabilidade única e exclusiva das empresas de telemarketing que conseguem burlar o serviço Não Perturbe. Sou bem normal, o que está errado é gente que não me conhece ficar ligando no meu telefone particular pra oferecer serviço que eu não preciso e sequer solicitei.

*Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e já gostou de ar horas ao telefone jogando conversa fora, mas esse tempo não existe mais