
A inteligência artificial e as modernidades tecnológicas vêm facilitando de uma forma a vida moderna que estou curiosa pra saber quando essas ferramentas vão inventar um dia com mais horas úteis. No ritmo frenético dos dias atuais, a percepção do tempo parece ter sido atropelada por um trem-bala.
Tudo é pra agora, pra ontem, precisa ser instantâneo, da comida aos relacionamentos. Tudo virou um grande Miojo, precisa ficar pronto em cinco minutos. Os amores são descongelados no micro-ondas e aquecidos na air fryer. Se não deu tempo de processar o sabor do tempero, vão direto pro lixo.
As pessoas têm pressa pra chegar, mesmo sem saber ao certo qual o destino. É preciso ser produtivo, ter sucesso profissional, dar e receber likes, manter a saúde mental e rebolar pra garantir o engajamento.
As parafernálias digitais permitem colocar filtros na vida real pra ostentar sucesso, popularidade e até beleza. Tudo na palma da mão, em poucos cliques.
Reflexos de uma sociedade caótica, que valoriza o sucesso material e a produtividade acima do bem-estar emocional e das relações humanas.
É urgente responder e-mails, mandar milhares de memes, intercalar mensagens instantâneas com chamadas de vídeo. Há pressa de estar atualizado com as últimas tendências, memes e catástrofes mundiais.
Falta tempo de apreciar o pôr do sol, curtir o vento durante a caminhada ou reparar na coreografia dos pássaros. A vida precisa retomar o seu ritmo normal, com direito de curtir os bons momentos em câmera lenta.
Não quero dias com mais de 24 horas, quero minutos bem aproveitados, manhãs de sol no parque, dias de chuva debaixo do cobertor, família em volta da mesa e amigos pra brindar as conquistas.
* Danielle Blaskievicz é jornalista, empresária e adora ver o sol nascer.